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Pés sem gênero: moda genderless também nos calçados!

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Estamos vivendo o auge da moda Genderless, a moda sem gênero, que se difunde diante dos novos desdobramentos dos movimentos sociais, das transformações na esfera da intimidade e da identidade. A moda Genderless tem relação com um momento do consumo que tenta fugir de estereótipos de gêneros, abolindo fronteiras entre masculino e feminino. 

Essa tendência atualiza as formas como consumimos roupas e informação de moda e discute questões relativas ao corpo, performance, aparência e estilo de vida, abolindo padrões de comportamento e clichês relacionados aos papeis do sexo no imaginário social. A ideia de gender fluid também se relaciona a esse contexto, em que é possível vestir peças do guarda-roupas masculino e feminino sem alterações de modelagem, recorte, padronagens e cores, democratizando e unificando silhuetas, mas permitindo a elaboração de estilos particulares e criativos, privilegiando o conforto e a autoexpressão.

Moda Genderless também nos calçados...
Hoje, o movimento não-gênero propõe um consumo mais consciente da moda, com a partilha de peças confortáveis, que demonstrem o estilo pessoal, e sejam práticas para o dia-a-dia. Se antes a moda parecia brincar com as fronteiras entre os gêneros, hoje ela tenta dar conta de diferentes demandas por expressão e representação da diversidade. Para romper com estereótipos, muitas marcas têm lançado opções para seus consumidores, também como uma alternativa para derrubar preconceitos. 
A Melissa aderiu à moda Genderless, e lançou duas coleções com modelos conectados a essa tendência moderna e democrática. Da coleção Wanna Be Carioca, a Melissa elegeu como modelo Genderless a sandália Flox Unissex, confortável, fresca, em cores exclusivas e neutras, para combinar com qualquer tipo de roupa, criando um visual mais despojado, confortável e minimalista. Já na coleção Dance Machine, o sapato modelo Grunge é um Oxford contemporâneo que pode ser usado por todas as pessoas. O calçado vem em cores básicas mais escuras (com acabamento brilhante e fosco) e também em candy colors como rosa chá e verde, que combinam com vários looks. O Oxford Grunge possui sola grossa, cabedal clássico e um shape mais robusto, super confortável devido ao solado ultraleve e à palmilha comfort. Outros modelos Melissa, como a rasteira Boemia Special, de inspiração gladiadora, e a sandália Cosmic também são outras opções Genderless no portfólio de calçados da marca. 

A história da moda sem gênero...
Na história da moda contemporânea, já tivemos outras tendências genderless, ou unissex, que coincidiam com momentos em que as mulheres alcançavam conquistas sociais importantes em termos de mercado de trabalho, sexualidade e direitos reprodutivos, por exemplo. No começo do século, após o fim da Primeira Guerra Mundial, os novos tempos permitiam mais mulheres transitando no espaço público e ocupando espaços de poder na política, nas artes e na universidade. Personagens da alta classe adotavam elementos do guarda-roupa masculino como forma de expressar criatividade, sofisticação e diferenciação. Jovens mulheres independentes e emancipadas passaram a usar blazers estruturados, gravatas e o corte de cabelo curto conhecido como “Bob”, popularizado por Coco Chanel. Nos anos 1960, a moda andrógina foi repaginada tanto nos cabelos curtos femininos e na geometria e assimetria das roupas.  Homens e mulheres passaram a usar o mesmo corte de cabelos (curto, com franjas simétricas), demonstrando liberdade e versatilidade, representados pela figura da modelo Twiggy. 

As décadas de 1970 e 1980 difundiram a moda unissex, que teve no jeans seu símbolo principal. Homens e mulheres usavam ternos ajustados, calças compridas, e o tênis chegou aos pés de todos os gêneros. Movimentos sociais e contraculturais como o feminismo, o movimento gay, os hippies e o movimento negro trouxeram novas vozes para o espaço público e apontaram novas possibilidades para os corpos e o exercício da sexualidade. Jimi Hendrix e os Secos e Molhados ilustram bem essa época. O corpo masculino também passou a ser mais exposto, mais fluido e mais indefinido, e usar cabelos longos passou a ser uma possibilidade para os homens. O punk e outras subculturas juvenis trouxeram para a moda traços de rebeldia e crítica ao status quo. Couro, piercings, cabelos coloridos, peças ajustadas pretendiam chocar, mas também colocar o corpo e a sexualidade no centro da revolução. O glam rock representado por David Bowie foi um desmembramento dessa tendência, e permitiu que homens também pudesse usar cores fortes e maquiagem, e, como nas palavras de Pepeu Gomes

“Ser um homem feminino
não fere o meu lado masculino. Se Deus é menina e menino
sou masculino e feminino”

(Masculino e Feminino, 1983). 


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